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Textos-Frases

As frases a seguir estão adesivadas em cor amarela nas paredes do espaço expositivo. São de autoria da artista, que as extraiu de seu caderno de processo artístico. Esse caderno é um suporte poético tanto para apontamentos quanto para a instauração do objeto artístico. Pode conter o processo de trabalho ou ser, muitas vezes, a própria obra. É parte do processo de criação, abrigando elementos sensíveis cuja ferramenta expressiva está, justamente, na capacidade de revelar as reflexões sobre o trabalho. São registros que tentam organizar fora a inquietação que parte de dentro, do meio, “do meio de um processo”, os percursos da criação ou para a criação.

Exu vem primeiro.
Por que todas as imagens não me vêm assim?
Travessia gesta nascimento.
Ali, uma personalidade mítica desvela.
Busco a imagem.
Dentro fora. Fora dentro.
Às vezes,
uma nota acentuada fora do lugar.
Também batucava dentro do meu peito.
Sob meus pés.
Parecia dançar em mim.
E meus olhos se punham em tudo que se movesse.
Em tudo que silenciasse.
Ali, começaria a crer, sem saber,
em deuses e deusas que dançam.
Minha mãe, criança, brincava de lavar, passar, engomar.
O ferrinho a carvão passava roupa “de verdade”.
Herdei o ferro.
Herdei o movimento de lavar no tanque,
toda vez que preciso criar.
Grafia sagrada que sai de uma terra distante e
pulsa nas peles e veias das gentes daqui.
E os cantos foram surgindo
de um porão de navios distantes,
daquela roda de terreiro, lá de antes,
de um outro que sou eu mesma.
Calar [Do lat. calare, ‘fazer baixar’, ‘fazer penetrar’...]
Verbo transitivo indireto.
7. Penetrar fundo; gravar.

Outras frases foram propostas pelo curador e estão adesivadas também em amarelo nas laterais das paredes. São elas:

O viés do sagrado em um país profano
Cicatrizes não se transferem
O invisível no corpo libertário
Radicalmente humano
O transe molha a palavra